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Artigo
de opinião por Daniel Filho
“O
dinheiro é o resultado do que você se torna”, “Nunca desista dos seus sonhos: Você
pode, você é capaz”, “Saia da zona de conforto...Reprograme seu cérebro
(MINDSET)”, “As pessoas vão te desencorajar, por isso não conte pra ninguém os
seus planos”, “As mesmas que te criticam hoje, irão te aplaudir no sucesso”, “Corra
riscos”...
“Do
mil ao milhão” de mentiras que poucos ganharam ludibriando
milhares. Gradativamente parte significativa da sociedade foi sendo convencida
que direitos trabalhistas, previdenciários e estabilidade profissional eram “zonas
de conforto” que “te impediam de crescer”. Abrir mão
da profissão, emprego ou mesmo ser surpreendido por uma demissão ganharam
adornos positivos “A crise é a oportunidade de se destacar para o sucesso”.
Mas que melhor “pesquisa de mercado” do
que analisar realisticamente o meio em que se está inserido, ou seja, um país
em grave recessão e desemprego.
Nesse cenário de que forma, então, “uma ideia
brilhante” de consumo e ou serviço pode se sobressair às demais a ponto de tornar qualquer um milionário?
UBER e
“UBERIZAÇÃO”
O aplicativo de transporte particular mais
usado no mundo também está entre os “vendedores de ilusão”. A marca virou
verbo: “uberizar” que ilustra o tipo de trabalho que ela gera: mão de
obra barata que passa a crer ser “empreendedor”. “Livre dos patrões e dos horários
fixos em contato direto com o cliente”, pois “você faz o seu horário” e “quanto
mais você trabalhar, mais ganhos tem”, basta ter “seu plano de metas diário”.
Infelizmente não entram na conta desse
“empreendimento” e “autonomia” a depreciação do veículo, respaldo financeiro em sua
ausência por motivos de saúde ou de qualquer outra natureza. Não trabalhar,
independente do motivo, significa não garantir o mínimo para sua subsistência
diária e “não ter patrão” significa estar sem assistência alguma justamente no
momento que você mais precisar.
QUEM
GANHA E QUEM PERDE?
Imagem: V.T |
Nessa fábrica de ilusões ganham os poucos
milionários e raros bilionários que ficam com uma massa inteira de mão de obra
barata (quando não escrava) a seu dispor; além dos vendedores dessa ilusão (líderes religiosos, “coaches”, “digital influencers”).
Perdem: pobres, assalariados, classe média.
MANIPULAÇÃO
A ilusão vende a ideia de que qualquer um pode
ser milionário: “Você pode, Basta querer!”.
O “produto” vendido é o convencimento que, ao
seguir uma lista de dicas de investimentos, metas individuais, sacrifício
pessoal, fé, força, foco... é possível chegar ao paraíso capitalista por seus
méritos (meritocracia).
As dificuldades cotidianas, como as contas,
impostos e necessidades básicas do indivíduo ou família, não são consideradas, então,
se a pessoa não conseguir chegar ao “sucesso”, “ela não se esforçou o
suficiente”. É a fórmula de enganação (quase) perfeita e perversa.
A possibilidade remota de SER RICO, a uma parte
da sociedade, soa mais interessante que a garantia de bem estar social com pleno
emprego, direitos trabalhistas e previdenciários.
Resta saber até que fase da vida cada um levará
para perceber o quanto desperdiçou acreditando nas mentiras contadas e em
que fase da barbárie social chegaremos para a alcançar a conscientização de
todas trabalhadoras e trabalhadores de que os RICOS (1% da população)
nunca se “esforçaram” mais do que ninguém do grupo dos MAIS POBRES (99% da
população).
Você
pode
(ter de volta seus direitos e
estabilidade resguardados), basta
querer (lutar por igualdade social em
vez de privilégios que não virão).
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