Imagem:reprodução |
O professor, aposentado, mas não
inativo, como se descreve, Heitor
Scalambrini Costa assina artigo de opinião que serve ao debate sobre usina
nuclear. Boa leitura e reflexão:
O
conto do Mariz. Há quem acredite …?
Heitor
Scalambrini Costa
Professor
aposentado (não inativo) da UFPE
Em encontro realizado (6) no auditório do Espaço Ciência, a Academia de Ciência de
Pernambuco, com o apoio da Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e
Inovação (SECTI) foram discutidos os
prós e contras da implantação de usinas nucleares no sertão Pernambuco.
Este evento contou com a presença de
pesquisadores, estudiosos da questão energética em seus impactos sociais,
ambientais, econômicos, antropológicos, éticos, culturais. Para debater foram
convidados Carlos Henrique Mariz, conselheiro
da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN), Heitor Scalambrini Costa professor aposentado da UFPE e membro da Articulação Antinuclear Brasileira, a professora Vânia Fialho da UPE e membro da Articulação Sertão Antinuclear, e o professor da UFPE e ex ministro Sergio Resende.
Com a moderação do secretario da SECTI, Aluísio Lessa, o encontro teve auditório completo, mostrando assim
o grande interesse, que tal decisão tomada pelo governo federal de instalar
usinas nucleares no município de Itacuruba, desperta não somente na academia,
mas também de todos pernambucanos.
O que chamou a atenção, e destaco, foram duas
declarações do também professor aposentado da UFPE, e ex funcionário da CHESF
Carlos Mariz, que comandou o escritório do Nordeste da Eletronuclear (já não
existe mais), e que agora pertence a uma entidade lobista das atividades
nucleares. A ABDAN constituída no Rio de Janeiro em 27 de outubro de 1987, é
uma entidade sem fins lucrativos, que congrega a maioria das empresas de bens
de capital, de construção e montagem, do setor de consultoria e engenharia, de
operação de usinas e de unidades fabris de sistemas e equipamentos, que
participam das atividades nucleares no Brasil.
Na ocasião argumentei que a tecnologia nuclear
é cara, e que o MWh da
nucleoeletricidade custa hoje R$
480,00 o que corresponde 4 a 6 vezes mais caro comparada aos preços finais
por fonte que ocorreu no leilão A6 de outubro/2019. Neste leilão a hidroeletricidade alcançou R$ 157,08/MWh, a energia eólica R$ 98,89/MWh,
e a solar R$ 84,39/MWh. Diante do
maior preço do nuclear sem dúvida, acarretaria aumento nas faturas para o consumidor. Aí o Mariz,
em uma das suas intervenções, no afã em defender seus pontos de vista, e de
afirmar as amplas vantagens e as consequencias positivas de tais usinas em
Itacuruba, veio com esta “pérola” afirmando “com
a construção de usinas nucleares no pais, e com a oferta de energia elétrica
por tal tecnologia, os custos da energia elétrica para os consumidores iriam
diminuir”.
Em outra oportunidade do debate, e diante da
afirmativa de que o Nordeste em particular, tem outras opções mais apropriadas
e menos polêmica para a geração elétrica, como a energia solar e eólica, e que
no Brasil os consumidores já pagam a 3ª maior tarifa de energia do planeta, o
dobro da média mundial (segundo a Agência Internacional de Energia); Mariz argumentou “hoje é o uso da energia solar e eólica é quem encarece as contas de
energia”.
Bem, diante de tais afirmativas, podemos avaliar que os defensores da energia
nuclear estão dispostos a tudo, inclusive a vender ilusões para que novas
usinas sejam instaladas em território brasileiro.
Está muito claro o interesse das empresas transnacionais nesse investimento. Não se tem resposta para onde se depositará o lixo atômico,a população local não tá sabendo de nada do que tá acontecendo, há um grande silencio. A população local junto com indígenas e quilombolas precisam decidir se desejam usina núclear em sua região. Países como a china vem desinvestindo em usinas núcleares, por não apresentar vantagem, porque as transnacionais querem implantar a todo custo no Brasil? Não precisamos de usina núclear.
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