Imagens: Daniel Filho e Leo Lins |
Depois de não responder a nossos
questionamentos acerca da denúncia feita por um dos trabalhadores da obra de recuperação
e ampliação do Sistema de Esgotamento Sanitário da Sede Municipal, o
responsável, Renato de Castro Santana, enfim entrou em
contato e convidou tanto o Blog Gota D’Água
quanto o Blog PN Notícias para o que
deveria ser uma coletiva de imprensa de esclarecimento, mas não foi assim que
aconteceu.
Chegando impediu que entrássemos com equipe,
proibiu fotos e vídeos (a única feita foi pela fresta do portão de onde está
instalado o escritório, as demais foram feitas fora da sede), fechou os portões, interrompeu o trabalho para que
todos os trabalhadores fizessem um círculo ao nosso redor e “dissessem” se eles
eram maltratados na empresa.
Todos responderam que não.
Renato afirmou que a denúncia se tratava de
trabalhador que havia sido demitido, garantimos que não, o que contrariou a
manifestação coletiva, e preservamos a identidade da fonte.
Tivemos, então que direcionar as perguntas ao
grupo. As perguntas elaboradas foram:
1) Recebemos a denúncia de um trabalhador que ainda está no exercício da função. Em seu relatório já consta diversas denúncias graves que ferem direitos trabalhistas e a CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO 2019/2020. A presente Convenção Coletiva de Trabalho abrange categoria(s) Profissional dos Trabalhadores das Indústrias da Construção de Estradas; Pavimentação, Obras de Terraplenagem em geral.
O Blog abre espaço para o senhor
abordar, em especial, as denúncias feitas na matéria;
2) Quanto ao confisco das carteiras de trabalho, abordado na reportagem. Sabemos, mas, claramente, os trabalhadores não sabem que a carteira de trabalho digital é a que tem validade. Portanto qual a necessidade de omitir essa informação e ficar com as carteiras físicas?
3) A
convenção prevê piso salarial para as seguintes funções:
Ajudante Comum R$ 5,38 (hora) R$
1.183,60 (mês)
Oficial R$ 7,13 R$ 1.568,60
Qualificado I R$ 9,44 R$ 2.076,80
Qualificados II R$ 11,61 R$ 2.554,20
A empresa contratou e formalizou
trabalhadores em todas essas funções, respeitando o piso? Ou há desvio de
função?
4) A
empresa está fornecendo comprovante de pagamento de salário contendo todas as
discriminações? Pode apresentar o modelo?
5) Sobre a denúncia de contratação de trabalhadores a partir de avaliação. A denúncia afirma que muitas pessoas trabalharam de dois a três dias como ajudante e, umas foram dispensadas, outras contratadas. Confirma? Qual o critério para contratação?
6) Há
casos de rescisão de contrato nesses dois meses? Por quais motivos?
7) Sobre
a alimentação dos trabalhadores como se dá? Quando não fornece no local de
trabalho deve fornecer ticket ou cesta básica. No caso da empresa a opção foi
pela cesta, mas a imagem que recebemos mostra que está longe de atender o
especificado no acordo que deveria consistir em 25 quilos de alimentos diversos
como macarrão, arroz, feijão, farinha, charque, fubá, óleo, café, ou alimentos
semelhantes.
8) Qual
a previsão de conclusão da obra? A empresa contratará mais pessoas? Como se
dará o processo de seleção?
9) Aos
trabalhadores que estão empregados ou que estão por receber seus direitos por
rescisão a empresa pode assegurar que haverá adequação aos pontos levantados
como errados não havendo nenhum tipo de coerção aos trabalhadores?
10) Os trabalhadores têm acesso à água
mineral ou filtrada, pois soubemos que é fornecida água de torneira sem tratamento
para os mesmos?
Apenas o encarregado, que não vamos
identificar, respondeu negativamente às denúncias afirmando que todos são, sim,
bem tratados e recebem todos os seus direitos. Renato respondeu algumas:
“Sobre cesta básica, a culpa de ter um
fardo de floco de milho é culpa do encarregado que gosta muito de cuscuz. Mas
isso é uma coisa que a gente resolve aqui dentro, como uma família que a gente
é.”
Sobre “testar” profissionais por dia de
trabalho e, ao final, dispensar sem justificar critérios de contratação:
“Aqui a gente quer trabalho, que renda.
Se um perfura 30 metros num dia e o outro 10, é justo que recebam o mesmo
valor? Aqui tá todo mundo sob experiência, se render fica, senão cai fora...
Mas já decidi, não vou mais fazer teste, inclusive nem vou mais contratar
ninguém daqui da cidade, porque isso que vocês estão fazendo é coagir e
atrapalhar a gente...”
Insisti perguntando, então, se os que foram
dispensados receberam pelo dia trabalhado. O chefe disse que sim...os
dispensados afirmam que não.
Sobre quanto tempo irá durar a obra:
“Isso é assunto da empresa, só interessa
a gente...”
Sobre acesso à água e EPI’s garantiu que
todos recebem adequadamente.
Afirmou que não irá punir ou coagir ninguém e
que todos têm direito de criticar e reivindicar sem nenhum tipo de punição.
O Blog
e Canal Gota D’Água continuará a realizar seu trabalho de apurar e informar
a população sobre essa e qualquer outra denúncia que nos chegue. É direito da
população se manifestar e ter acesso às informações, assim como dos denunciados
apresentarem sua versão de forma transparente.
Aos leitores cabe a seu senso crítico
formular suas conclusões, aos trabalhadores não se omitirem nem temerem por
reivindicar seus direitos e à justiça apurar as denúncias.
Para reler a matéria que conta com o
depoimento de um dos trabalhadores, segue o link:
http://www.bloggotadagua.com.br/2020/08/petrolandia-denuncia-aponta-violacao-de.html
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