sábado, 5 de junho de 2021

DOCUMENTO REVELA DE QUEM PARTIU A ORDEM PARA ATACAR MANIFESTAÇÃO CONTRA BOLSONARO EM RECIFE

 

Imagem: JC

Raphael Guerra, para o Jornal do Commércio, publicou uma reportagem com documentação que mostra de onde partiu ordem para o Choque dispersar multidão de manifestantes que protestavam contra Bolsonaro no último dia 29:


Um documento de comunicação interna da Polícia Militar de Pernambuco (PMPE), em detalhes, quem deu as ordens e como foi a sequência de ações do Batalhão de Choque contra os manifestantes no ato que críticas críticas ao governo Bolsonaro, na área central do Recife, no último dia 29 de maio. A coluna Ronda JC teve acesso ao documento, que foi destinado ao subcomandante do Batalhão de Choque, major Valdênio Corrêa Gondim Silva. Trata-se de uma das principais provas para a Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS), decifrar, de vez, os culpados pela ação desastrosa da PM, que acabou deixando os trabalhadores dois cegos de um dos olhos.

O documento requisitos que, às 10h20, uma ligação telefônica do comandante do Batalhão de Choque, tenente coronel Bruno Alves Benvindo, informou que, por determinação do coronel Lopes, diretor adjunto da Diresp (Diretoria Integrada Especializada), "os pelotões Alfa e Bravo ficar a postos para acionamento, pois havia uma determinação do comandante geral da PMPE (Vanildo Maranhão) para fazer deslocamento para a Praça do Derby, entrar em contato com o comandante do policiamento local e realizar uma dispersão de uma manifestação de militantes com aproximadamente 300 pessoas , que estava em flagrante descumprimento ao decreto estadual sobre a covid-19 ".


O comunicado interno diz que a tropa seguiu ao local. "Ao chegar com a tropa de Choque na praça do Derby, entrei em contato com o PM Monteiro, via telefone, onde fui informado por ele que a determinação do comando geral era da PMPE para fazer a dispersão da manifestação", diz outro trecho .

Como parte da manifestação já segue a caminho da Avenida Conde da Boa Vista, por volta das 10h50, outra ligação do comandante da BP Choque informou que, a pedido do diretor adjunto da Diresp, os pelotões percorridos se deslocar para a Praça do Diário.

Às 11h10, já no local determinado, a tropa foi posta na Avenida Guararapes.

"Por volta das 11h30, o capitão PM Máximo (oficial de supervisão) chegou ao local e incorporou na Tropa de Choque. Neste momento, recebi uma ligação do major Feitosa, coordenador do Copom, me informando que a determinação do comandante geral da era do PMPE para que: se os manifestantes avançassem em direção à Praça do Diário, era para a Tropa de Choque realizar uma dispersão via CDC, usando os meios dispostos."

O documento segue relatando que os manifestantes chegaram ao local e alguns hostilizados dos policiais, chamando-os de "merda" e "fascistas". Dois manifestantes que não acataram a ordem sido detidos. E, segundo relato no documento, alguns jogaram pedras na tropa.

"Diante disto, como já havia uma ordem de dispersão por parte do comando geral da PMPE e a Tropa de Choque já estava hostilizada e sofrendo agressões injustificadas, inicia-se o processo de dispersão (...) com utilização dos materiais de menor potencial ofensivo e com técnicas e técnicas de controle de distúrbios civis (CDC) ", relacionado a comunicação interna.


O documento reforça, ao final, outra ligação do coordenador do Copom informou que a ordem do comandante geral da PMPE era dispersar todos os manifestantes. E assim a tropa seguiu avançando.

Importante destacar, a partir desse relato, que o então comandante geral da PM, exonerado três dias após a ação desastrosa, nunca se pronunciou à sociedade sobre o assunto. Oficialmente, o governo estadual disse que ele pediu uma exoneração, que foi aceita pelo governador Paulo Câmara.

Outro detalhe apurado pela coluna: o comandante geral da PM não esteve no Centro Integrado de Comando e Controle Regional (CICCR), no sábado passado, acompanhando as câmeras da cidade em tempo real. Mas lá estava o então secretário de Defesa Social de Pernambuco, Antônio de Pádua (exonerado nessa sexta-feira), e o agora titular da massa, Humberto Freire. Além deles, diretores da PMPE.

Oito policiais militares estão afastados - entre eles o responsável por comandar uma operação na rua. O PM do Batalhão de Choque que atirou no olho do arrumador do contêiner Jonas Correia de França, 29, também foi identificado e identificado das ruas. Já o PM que fez o mesmo com o adesivador Daniel Campelo da Silva, 51, segue sem identificação. A SDS também não revela os nomes dos militares afastados.









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