domingo, 22 de março de 2015

JOVEM NAS ESCOLAS (QUASE) NUNCA É LEVADO A SÉRIO (?)

Foto: Acervo Casa das Juventudes

Jovem no Brasil nunca é levado a sério... Diz a canção "Não é Sério", do compositor Chorão. Se a sentença é verdadeira, encontrou no sertão de Itaparica uma jovem aguerrida disposta a quebrar esse triste paradigma. Leiliane Lins, estudante da EREM Maria Cavalcanti Nunes e membro do Núcleo de Cidadania da Casa das Juventudes no município de Petrolândia, deixou gravada uma participação encantadora no Segundo Ciclo dos Seminários Todos por Pernambuco, acontecido em Floresta na última quinta-feira (19). A jovem estudante apresentou suas propostas no eixo CIDADANIA. Sua fala rendeu uma das duas vagas de relatora das sugestões para a plenária ao governador Paulo Câmara. Ovacionada pela postura e propostas, a jovem recebeu diversos elogios. Do coordenador do Programa de Educação Integral, Paulo Dutra, a prefeitos, deputados e governador, todos se renderam a ela.
“Usando a linguagem de vocês... Foi massa!” Declarou o governador Paulo Câmara.
Algumas horas após o fim do seminário o deputado estadual Rodrigo Novaes (PSD) postou em seu perfil (foto ao lado) que encaminhará essa semana um Projeto de Lei tornando obrigatória a criação de Grêmios Estudantis tantos nas escolas da rede pública quanto privadas, acatando, assim, uma das diversas demandas relatadas pela jovem que mandou o recado:
“Somos uma parte muito esquecida, sendo que somos os olhos do futuro (...). A juventude, senhor governador, tem fome e sede de muita coisa e o senhor, como governador jovem, deve olhar para essa juventude.”

IMPORTÂNCIA DO GRÊMIO ESCOLAR



O Grêmio estudantil é uma instância colegiada e deliberativa. Um modo sistemático de trazer crianças e jovens ao papel de cidadão político com participação efetiva na construção de seu meio ambiente escolar. Conversamos com um dos membros do antigo Grêmio Estudantil Força Jovem da Escola Estadual Jatobá.
Considerado um dos mais atuantes grêmios estudantis do estado, o grupo agradece ao empenho e apoio da coordenação pedagógica da escola, em especial da coordenadora Ozita. Segundo Cristino (ex-presidente) e Inglisson a escola deu apoio total cedendo espaço para a sede e contribuindo financeira e moralmente diversos projetos sociais.
“O trabalho acontece em conjunto com escola, colaboradores e conselhos da escola sempre de forma autônoma.” Diz Inglisson que destaca como principais conquistas a visibilidade social dos seus trabalhos e premiações alcançadas pela escola. Consideram que a experiência foi fundamental para a formação cidadã de todos que se envolveram no projeto.

POR QUE A NECESSIDADE DE TORNAR OBRIGATÓRIA A CRIAÇÃO DE GRÊMIOS ESTUDANTIS QUE DEVERIAM SER LIVRES?

Soa paradoxal, mas infelizmente não é. Em parte das escolas públicas a estrutura é montada para não acontecer. Dificultam espaços e horários para oficinas norteadoras, empurram dificuldades burocráticas que desestimulam os jovens e adiam, sem explicação, datas marcadas para os jovens se organizarem. Quando os estudantes conseguem superar obstáculos e se organizar, o trabalho de construção democrática das decisões escolares é impossibilitado. Fica fácil compreender que o grêmio só interessa ao gestor escolar e coordenação se for para trabalhar de forma submissa aos interesses da escola (e não dos estudantes).
Parece exagero? Em Petrolândia há gestores a frente de sua escola há quase uma década sem nenhum registro de formação de grêmio bem sucedida. Coincidência ou teria algo a ver com a clássica (e conveniente, por sinal) frase: “Esses jovens de hoje não querem nada!”? Infelizmente essa frase é falaciosa e, geralmente, é utilizada para encobrir incompetência e descaso.
Como bem destacaram os jovens do Grêmio Força Jovem, sem apoio da gestão e coordenação pedagógica o trabalho de elaborar e por em prática as atividades do grêmio não acontecem.
Leiliane, destaca toda a dificuldade que encontra para marcar assembleias e compor chapas para as eleições. Sempre há uma dificuldade, um adiamento de datas sem aviso ou explicação. Quando insiste junto à gestão e coordenação, ouve que precisa voltar à sala de aula e depois conversam... A conversa nunca vem. As eleições deveriam ter acontecido ano passado para iniciar o ano letivo já com nova composição, mas, quase ao fim do primeiro bimestre, a jovem ainda não conseguiu seu objetivo.
A voz de Leiliane foi ouvida e, prontamente, atendida. Que agora venha sua vez naturalmente, como lhe é de direito constitucional e educacional, para o pleno exercício da política dentro da escola.


Foto: Acervo Casa das Juventudes




Foto: Acervo Casa das Juventudes






Matéria relacionada:

Nenhum comentário:

Postar um comentário