Foto: Acervo Casa das Juventudes |
Jovem no Brasil nunca é levado a sério... Diz
a canção "Não é Sério", do compositor Chorão. Se a sentença é verdadeira, encontrou
no sertão de Itaparica uma jovem aguerrida disposta a quebrar esse triste paradigma. Leiliane
Lins, estudante da EREM Maria Cavalcanti Nunes e membro do Núcleo de Cidadania
da Casa das Juventudes no município de Petrolândia, deixou gravada uma
participação encantadora no Segundo Ciclo dos Seminários Todos por Pernambuco, acontecido em Floresta na última quinta-feira (19).
A jovem estudante apresentou suas propostas no eixo CIDADANIA. Sua fala rendeu uma das duas vagas de relatora das sugestões para a plenária ao
governador Paulo Câmara. Ovacionada pela postura e propostas, a jovem recebeu
diversos elogios. Do coordenador do Programa de Educação Integral, Paulo Dutra,
a prefeitos, deputados e governador, todos se renderam a ela.
“Usando a linguagem de vocês... Foi
massa!” Declarou o governador Paulo Câmara.
Algumas
horas após o fim do seminário o deputado estadual Rodrigo Novaes (PSD) postou
em seu perfil (foto ao lado) que encaminhará essa semana um Projeto de Lei tornando obrigatória
a criação de Grêmios Estudantis tantos nas escolas da rede pública
quanto privadas, acatando, assim, uma das diversas demandas relatadas pela
jovem que mandou o recado:
“Somos uma parte muito esquecida, sendo
que somos os olhos do futuro (...). A juventude, senhor governador, tem fome e
sede de muita coisa e o senhor, como governador jovem, deve olhar para essa
juventude.”
IMPORTÂNCIA
DO GRÊMIO ESCOLAR
O Grêmio estudantil é uma instância colegiada
e deliberativa. Um modo sistemático de trazer crianças e jovens ao papel de
cidadão político com participação efetiva na construção de seu meio ambiente
escolar. Conversamos com um dos membros do antigo Grêmio Estudantil Força Jovem da
Escola Estadual Jatobá.
Considerado um dos mais atuantes grêmios
estudantis do estado, o grupo agradece ao empenho e apoio da coordenação
pedagógica da escola, em especial da coordenadora Ozita. Segundo Cristino
(ex-presidente) e Inglisson a escola deu apoio total cedendo espaço para a sede
e contribuindo financeira e moralmente diversos projetos sociais.
“O trabalho acontece em conjunto com escola,
colaboradores e conselhos da escola sempre de forma autônoma.” Diz Inglisson
que destaca como principais conquistas a visibilidade social dos seus trabalhos
e premiações alcançadas pela escola. Consideram que a experiência foi
fundamental para a formação cidadã de todos que se envolveram no projeto.
POR
QUE A NECESSIDADE DE TORNAR OBRIGATÓRIA A CRIAÇÃO DE GRÊMIOS ESTUDANTIS QUE
DEVERIAM SER LIVRES?
Soa paradoxal, mas infelizmente não é. Em
parte das escolas públicas a estrutura é montada para não acontecer. Dificultam
espaços e horários para oficinas norteadoras, empurram dificuldades
burocráticas que desestimulam os jovens e adiam, sem explicação, datas marcadas
para os jovens se organizarem. Quando os estudantes conseguem superar
obstáculos e se organizar, o trabalho de construção democrática das decisões
escolares é impossibilitado. Fica fácil compreender que o grêmio só interessa
ao gestor escolar e coordenação se for para trabalhar de forma submissa aos
interesses da escola (e não dos estudantes).
Parece exagero? Em Petrolândia há gestores a
frente de sua escola há quase uma década sem nenhum registro de formação de grêmio
bem sucedida. Coincidência ou teria algo a ver com a clássica (e conveniente,
por sinal) frase: “Esses jovens de hoje não querem nada!”? Infelizmente essa
frase é falaciosa e, geralmente, é utilizada para encobrir incompetência e descaso.
Como bem destacaram os jovens do Grêmio Força
Jovem, sem apoio da gestão e coordenação pedagógica o trabalho de elaborar e
por em prática as atividades do grêmio não acontecem.
Leiliane, destaca toda a dificuldade que
encontra para marcar assembleias e compor chapas para as eleições. Sempre há
uma dificuldade, um adiamento de datas sem aviso ou explicação. Quando insiste junto
à gestão e coordenação, ouve que precisa voltar à sala de aula e depois
conversam... A conversa nunca vem. As eleições deveriam ter acontecido ano
passado para iniciar o ano letivo já com nova composição, mas, quase ao fim do
primeiro bimestre, a jovem ainda não conseguiu seu objetivo.
A voz de Leiliane foi ouvida e, prontamente,
atendida. Que agora venha sua vez naturalmente, como lhe é de direito
constitucional e educacional, para o pleno exercício da política dentro da
escola.
Foto: Acervo Casa das Juventudes |
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