Imagem: Rute Pina, Brasil de Fato |
No dia 25
de janeiro de 1984, terminava um encontro de quatro dias em Cascavel (PR) que deu origem ao Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST),
que surgia como uma organização nacional que articularia camponeses para a luta
por reforma agrária.
Exatos 35 anos depois, militantes e
apoiadores do MST realizaram um ato político na Escola Nacional Florestan
Fernandes (ENFF), no último sábado (26), para marcar a trajetória de mais
de três décadas do movimento. Em ocasião do aniversário, o movimento divulgou
uma “Carta ao Povo Brasileiro”, com
seu posicionamento sobre a conjuntura brasileira e internacional.
O Blog
Gota D’Água reproduz na íntegra:
CARTA
AO POVO BRASILEIRO
O
Movimento Sem Terra celebra seus 35 anos de luta pela reforma agrária e por
justiça social. Nascemos no final da ditadura civil-militar, junto com milhares
de lutadores e lutadoras que defenderam a democracia e desafiaram o
autoritarismo. Mais uma vez, reafirmamos nosso compromisso de lutar pela
democratização da terra, pela produção de alimentos saudáveis, pela soberania
popular e por uma sociedade emancipada.
Diante
da crise estrutural do capital, com consequências graves e destrutivas para a
natureza e a humanidade, nossas tarefas políticas se tornam ainda mais urgentes
e necessárias. As saídas apresentadas pelo capital financeiro, nada tem a ver
com as necessidades humanas, pois resultam em aumento da superexploração dos
trabalhadores e trabalhadoras, através da precarização do trabalho, desmonte
das políticas públicas, agressiva retirada de direitos e expropriações
diversas, elevando de forma brutal, os níveis de desigualdade social. Para
executá-las, o capital requer um Estado cada vez mais autoritário, voltado à
repressão, violentando e perseguindo os mais pobres, promovendo um cruel
genocídio da juventude negra.
Foi
desta forma que os meios de comunicação, o poder judiciário, os bancos, os
militares e o agronegócio, levaram ao poder, neofascista e ultraliberal, um
capitão reformado que atua pelas formas mais baixas e vulgares da política, para
manter os privilégios dos que historicamente saquearam o país e atacar
diretamente os direitos da classe trabalhadora, através de ajustes fiscais,
privatizações e subordinação da nossa economia ao capital internacional,
principalmente dos EUA.
A
subordinação das questões indígenas, fundiárias e ambientais aos interesses da
bancada ruralista e do agrotóxico no Ministério da Agricultura; o desmonte da
previdência social; a ameaça da entrega das empresas e bancos nacionais, como
Petrobrás, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal; a liberação da posse de
armas são algumas das políticas mortíferas adotadas por esse (des)governo, que
colocam em risco a nossa biodiversidade e acirram os conflitos no campo
atingindo frontalmente os indígenas, quilombolas, ribeirinhos, camponeses,
assentados e acampados da Reforma Agrária e evidencia a característica antinacional e antipopular do atual
governo.
É
preciso ocupar as ruas e as praças denunciando a voracidade dessas políticas
que aprofundam a expropriação e exploração capitalista.
Assim,
nos comprometemos em lutar e defender todos e todas trabalhadores e
trabalhadoras que tenham sua existência ameaçada. Seguiremos defendendo a
soberania dos e povos e lutando contra qualquer tipo de ingerência política
e/ou intervencionismo militar em qualquer país. Declaramos total solidariedades
ao povo Venezuelano!
Nos
solidarizamos com as famílias atingidas pela barragem de Brumadinho, vítimas de
mais uma ação criminosa e reincidente da Vale, uma assassina protegida pelo
poder judiciário.
Nos
somaremos a mobilização das mulheres trabalhadoras no 8 de março, seremos
zeladores do legado e a memória de Marielle Franco e de tantos outros
companheiros e companheiras que tombaram, exigindo a punição dos seus
assassinos e mandantes. Defenderemos a liberdade do companheiro Lula, cuja
prisão política foi utilizada para que esse projeto fosse vitorioso nas
eleições.
Nos
comprometemos em fortalecer a Frente Brasil Popular e todas as iniciativas de
luta da classe trabalhadora que confrontem a exploração, a subordinação e a
opressão, nos somando na luta cotidiana das mulheres, da população urbana e
camponesa, dos negros e negras, dos povos indígenas e dos sujeitos LGBT.
Lutaremos
pela democracia, pela justiça, pela igualdade, pela defesa dos bens da natureza,
pela democratização da terra e pela produção de alimentos saudáveis para
alimentar o povo brasileiro.
Lutar, construir Reforma Agrária
Popular!
Coordenação Nacional do MST
26 de janeiro de 2019.
Fonte: Brasil de Fato
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