Imagem: Fernando Frazão/Agência Brasil |
Denúncias de candidaturas laranjas do partido
de Jair Bolsonaro, o PSL, feitas pelo jornal Folha de São Paulo, neste mês de
fevereiro, revelaram indícios de desvios de verbas públicas em dois estados
durante o período eleitoral de 2018. O escândalo coloca em xeque o discurso de
ética e combate à corrupção bradado pelo presidente e seus correligionários
durante o pleito.
As primeiras denúncias ocorreram em Minas Gerais e envolvem Marcelo Álvaro Antônio, atual ministro
do Turismo. Na época, ele era presidente do PSL no estado e tinha o poder de
decisão sobre quais candidaturas seriam lançadas.
De acordo com as denúncias do jornal
paulistano, Álvaro Antônio está envolvido em um esquema que implica quatro
candidaturas laranjas em Minas Gerais.
As candidatas receberam R$ 279 mil da verba pública que deveria ser utilizada na campanha
da legenda. Cerca de R$ 85 mil foram
destinados a quatro empresas que são de assessores, parentes ou sócios de
assessores do hoje Ministro do Turismo.
Ainda segundo o jornal, não há indícios da
realização de campanha efetiva das candidatas durante a eleição, que, juntas,
alcançaram cerca de dois mil votos, apesar de estarem entre as 20 candidatas
que mais receberam dinheiro do partido no país inteiro.
Em depoimento prestado ao Ministério Público,
em 18 de dezembro, a candidata a deputada estadual pelo PSL em Minas Gerais, Cleuzenir Barbosa, disse que foi
coagida por dois assessores de Marcelo Álvaro Antônio a devolver R$ 50 mil dos R$ 60 mil que havia recebido da legenda.
Uma segunda denúncia foi feita pela Folha, no
dia 10 de fevereiro. Luciano Bivar,
recém-eleito segundo vice-presidente da Câmara dos Deputados, teria criado uma
candidata laranja em Pernambuco. De acordo com o jornal, o partido de Bolsonaro
repassou R$ 400 mil do fundo
partidário no dia 3 de outubro, a apenas quatro dias antes da eleição.
Maria de Lourdes Paixão foi a terceira
candidata que mais recebeu dinheiro do partido no país e se candidatou de
última hora para preencher a vaga remanescente de cota feminina.
De acordo com a candidata, 95% do dinheiro foi gasto em uma única gráfica, destinado à impressão de 9 milhões de santinhos e 1,7 milhão de adesivos. Cada um dos 4
panfleteiros, que ela diz ter contratado, deveria ter distribuído cerca de 750
mil santinhos por dia.
O também presidente do PSL, Luciano Bivar,
nega que a candidata tenha sido laranja. Ele argumenta que a decisão de
repassar R$ 400 mil foi da direção nacional do partido, na época presidida por Gustavo Bebianno, hoje secretário-geral
da Presidência da República. Seguindo no jogo de “empurra”, Bebiano, por sua
vez, alegou que as decisões dos repasses são das direções estaduais.
À época, Bebianno era o presidente nacional
do PSL e coordenou a campanha de Jair Bolsonaro. Ele era responsável formal por
autorizar repasses dos fundos partidários e eleitoral a candidatos da legenda.
Segundo apuração da Folha, ele liberou R$ 250 mil de verba pública para a
campanha de uma ex-assessora, que repassou parte do dinheiro para uma gráfica
registrada em endereço de fachada. Bebianno nega ter envolvimento com
candidaturas laranjas do PSL.
Fonte: Brasil de Fato
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